'Tropa de elite 2' domina Grande Prêmio do Cinema Brasileiro (Postado por Erick Oliveira)
Dirigido por José Padilha, o filme concorreu em 16 das 27 categorias e teve "Chico Xavier", também com 16 indicações, como seu maior rival. A trama envolvendo o Capitão Nascimento acabou levando nove troféus, incluindo melhor diretor, melhor ator (Wagner Moura), melhor longa-metragem de ficção e melhor longa escolhido por voto popular. Já o filme de Daniel Filho foi melhor nas categorias de melhor maquiagem, melhor roteiro adaptado e melhor atriz coadjuvante (Cássia Kiss).
Ao fim da premiação, Padilha elogiou as demais produções concorrentes e disse nunca ter considerado "Tropa 2" uma barbada para este ano."
Tivemos grandes filmes, difícil saber quem ia ganhar. E qualquer que fosse o vencedor, seria merecedor. Mas esses prêmios são coisas simbólicas, cinema não é uma corrida, com primeiro, segundo e terceiro lugares", comentou o diretor, que subiu no palco seis vezes ao longo da noite para receber troféus.
"Muita gente que foi premiada não pôde vir [o ator Wagner Moura, o fotógrafo Lula Carvalho e o roteirista Bráulio Mantovani]. Fui pegar o prêmio pelos outros. Nunca tinha subido tantas vezes ao palco. Fiz uma ginástica. Foi bom", brincou o diretor, se apressando em dizer que não pensa em rodar um terceiro filme da franquia.
Empate
Até metade da cerimônia, apresentada pelo humorista Bruno Mazzeo e pela atriz Fabíula Nascimento, "Chico Xavier", "Quincas Berro D'Água" e ""Tropa de elite 2" disputavam a liderança troféu a troféu. Mas na hora dos prêmio principais, o filme de Padilha abriu vantagem. A curiosidade ficou por conta do empate entre Caio Blat, de "As melhores coisas do mundo", e Andre Mattos, de "Tropa 2", na categoria melhor ator coadjuvante.
"Dividir o prêmio com o Caio, que é um ator maravilhoso, e ser finalista junto com Cassio Gabus Mendes [de 'Chico Xavier'] alimenta a nossa alma. A gente vai para o próximo trabalho alimentado e feliz", disse Andre, que termina em julho de filmar "Giovanni Improta", longa dirigido por José Wilker e baseado no personagem criado pelo autor Aguinaldo Silva na novela “Senhora do destino”.
Lucy e Luiz Carlos Barreto foram os grandes homenageados da noite com o prêmio Eleonora de Martinio Salim pelos 50 anos dedicados ao cinema brasileiro.
"Acho que a academia devia ter feito um seguro de vida para um homem de 83 anos poder receber esta homenagem e sofrer esta emoção. Porque isso é sofrimento, mas também uma alegria enorme. E trouxe meus filhos junto. Somos a Família Titanic. Porque, se o cinema não der certo, vamos afundar", disse o produtor, que relembrou a trajetória profissional desde os tempos de repórter fotográfico da revista "Cruzeiro".
"O cinema americano não faz mais filme, faz videogame. Nós fazemos e continuaremos a fazer um cinema humanista. Chega de burocracia. Vamos fazer cinema e botar tudo na tela", concluiu.
Vencedora da categoria de melhor atriz pelo trabalho em "Lula, o filho do Brasil", Glória Pires classificou a noite como "especial, surpreendente e muito emocionante", em parte ligado à família Barreto.
"É uma noite em que se homenageia Lucy e Luiz Carlos. Através deles, comecei no cinema. Além disso, aqui neste teatro, meu pai, o ator Antonio Carlos, foi velado. Ele é minha inspiração", disse Glória, que dedicou o prêmio à pronta recuperação de Fábio Barreto, filho do casal, e diretor do longa — ele sofreu um acidente de carro em dezembro de 2009.
Outras duas figuras importantes do cinema nacional também seriam homenageadas: o maestro Remo Usai, compositor de trilhas de filmes como "Assalto ao trem pagador", "Mandacaru vermelho", "Kuarup" e a comédia "O trapalhão nas minas do Rei Salomão"; e a atriz, diretora e produtora Norma Bengell, que protagonizou o momento de maior emoção da noite. Depois de entrar no palco sentada em uma cadeira de rodas, pediu ajuda para levantar-se para receber o prêmio.
"Queria ficar de pé para agradecer a vocês. Alguém pode me ajudar? Vocês não sabem a felicidade que é estar aqui. Há oito meses não saía de casa. Muito obrigada", disse Norma que, chorando, também foi aplaudida de pé.
As cerca de duas horas de premiação contaram também com uma apresentação da cantora Thalma de Freitas e com a participação dos músicos Pedro Sá e Domenico Lancellotti, que impsovisavam temas ao vivo como trilha sonora para os anúncios dos prêmios.
Confira a seguir a lista completa de premiados:
Melhor curta-metragem de animação: "Tempestade", de Cesar Cabral
Melhor curta-metragem documentário: "Geral", de Anna Azevedo
Melhor curta-metragem de ficção: "Recife frio", de Kleber Mendonça Filho
Melhor longa-metragem estrangeiro: "O segredo dos teus olhos" (Argentina / Espanha), de Juan José Campanella
Melhor efeito visual: Darren Bell, Geoff D. E. Scott e Renato Tilhe, por "Nosso lar"
Melhor longa-metragem infantil: "Eu e meu guarda-chuva", Toni Vanzolini
Melhor figurino: Kika Lopes, por "Quincas berro d'água"
Melhor maquiagem: Rose Verçosa, por "Chico Xavier"
Melhor direção de arte: Adrian Cooper, por "Quincas berro d'água"
Melhor som: Alessandro Laroca, Armando Torres Jr. e Leandro Lima, por "Tropa de elite 2"
Melhor trilha sonora: Guto Graça Mello, por "O homem que engarrafava nuvens"
Melhor trilha sonora original: Jaques Morelenbaum, por "Olhos azuis"
Melhor montagem ficção: Daniel Rezende, "Tropa de elite 2"
Melhor montagem documentário: Raphael Alvarez, por "Dzi croquetes"
Melhor fotografia: Lula Carvalho, por "Tropa de elite 2"
Melhor longa-metragem documentário: "O homem que engarrafava nuvens", de Lírio Ferreira
Melhor atriz coadjuvante: Cassia Kiss, por "Chico Xavier"
Melhor ator coadjuvante: André Mattos, por "Tropa de elite 2", e Caio Blat, por "As melhores coisas do mundo"
Melhor roteiro original: Braulio Mantovani e José Padilha, por "Tropa de elite 2"
Melhor roteiro adaptado: Marcos Bernstein, por "Chico Xavier"
Melhor atriz: Glória Pires, por "Lula, o filho do Brasil"
Melhor ator: Wagner Moura, por "Tropa de elite 2"
Melhor direção: José Padilha, por "Tropa de elite 2"
Melhor longa-metragem de ficção: "Tropa de elite 2", de José Padilha
Voto popular - Melhor longa-metragem estrangeiro: "A rede social", de David Fincher
Voto popular - Melhor longa-metragem documentário: "Dzi croquetes", Tatiana Issa e Raphael Alvarez
Voto popular - Melhor longa-metragem nacional: "Tropa de elite 2", de José Padilha
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